
Dentre os
inúmeros fatos maravilhosos que se contam na história de D. Bosco destaca-se
este: No Salesiano de Turim faziam-se os santos exercícios espirituais, e,
todos os presentes, alunos e internos com a máxima seriedade, muito piedosos, rezavam
com fervor e colhiam os frutos de suas preces para o bem de suas almas.
Enquanto esses cumpriam o seu piedoso dever, um jovem, refratário a toda e
qualquer suplica e aos mais afetuosos cuidados de D. Bosco e dos demais
superiores, teimou em não se querer confessar nem mesmo naquela circunstância.
Os bons Padres tinham feito todo o possível para convencê-lo, mas inutilmente.
Ele repetia sempre: “Em qualquer outra ocasião, sim, mas agora não! Vou pensar
nisso depois... Agora não sei tomar uma resolução”!
Com essa
desculpa, chegou ao ultimo dia das cerimônias; D. Bosco, então recorreu a um
estratagema. Escreveu numa folha de papel estas palavras: "... e se você
morresse durante a noite?!..." e escondeu-a entre o lençol e o travesseiro
do rapaz. Cai à noite: todos se vão deitar, e o nosso jovem, despreocupado,
também se despe, mas eis que quando vai entrar na cama encontra a tal folha. Um
oh! de espanto que ele não pode conter lhe sai dos lábios; pega no papel
olha-o, vira-o e revira-o e, por fim, descobrindo que há nele qualquer coisa
escrita, arregala os olhos e lê:
“... e se você morresse durante a noite”... D. Bosco.
“... e se você morresse durante a noite”... D. Bosco.
D. Bosco! Exclama
ele; mas D. Bosco é um santo... Ele conhece o futuro... Talvez aconteça isso
mesmo! E se eu morresse durante a noite? ' Mas eu não quero morrer, não: quero
viver, quero viver e... Enquanto isso, para que os companheiros não reparem,
ele se deita, cobre-se e cheio de coragem, tenta pegar no sono. Qual nada!
Adormecer naquele estado? Com aquelas palavras que o atormentavam como se
fossem espinhos agudos? É impossível! Ele vira e revira na cama, fecha os olhos
com força, mas... tudo inútil; ouve sem cessar, cada vez mais vivo, cada vez
mais forte, o som daquelas palavras; ele imagina, como se visse o inferno aberto
e Jesus que o condena, e diz: "Pobre de mim! E se eu morresse
mesmo?..." Um arrepio gelado corre-lhe pela espinha, ele sua frio...
— Ah, não —
exclama, — eu não quero ir para o inferno, eu quero me confessar...
Invoca a
proteção de Maria Auxiliadora, do seu Anjo da Guarda e depois, decidido,
veste-se, sai devagarzinho, desce a escada, atravessa corredores, sobe para o
quarto de D. Bosco e bate na porta.
D. Bosco, que,
como bom padre o esperava, abre a porta e:
— Quem é você?...
A estas horas?... O que é que você quer?
— Oh! D. Bosco, eu quero confessar-me!
— À vontade!
se você soubesse com que ansiedade eu o esperei!
Introduzido na
antecâmara, o rapaz cai de joelhos e, depois de feita a confissão, com o perdão
de Jesus volta feliz e tranqüilo para a cama. E já não tem medo! O pensamento
da morte já não o assusta e ele diz:
“Como estou
contente! Mesmo que eu tenha que morrer que importa se eu recuperei a graça, se
eu tornei a ser amigo de Jesus”!
Adormece
serenamente e sonha... vê o céu aberto, os Anjos jubilosos que voam
levíssimos, entoando os cânticos mais lindos, os mais belos hinos!
Que rapaz de
sorte!
Pe. LUIZ CHIAVARINO, CONFESSAI-VOS BEM
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